No início do século XX, ela chegou num navio de carga por acaso, para ser destaque entre as inúmeras “mulheres da vida” daquela época.
Por Gerson Soares – Baseado no texto de Paula Ester Janovitch, extraído da Revista Cidade, publicada pelo Departamento do Patrimônio Histórico da Cidade de São Paulo.
Com a chegada dos imigrantes a São Paulo, por volta das primeiras décadas do século XX, vieram também as prostitutas, como as “polacas”, as “espanholas” e outras. Entre elas Madame Pommery, tão famosa que até deu origem ao título do livro editado por Monteiro Lobato. Madame Pommery chegou ao Brasil por acaso no navio Bonne Chance (Boa Sorte), junto com as mais variadas mercadorias.
Direto da Estação da Luz, Ida (seu nome de batismo) foi morar no Hotel dos Estrangeiros, um dos lugaes do mundo dos prazeres. Naquela época, o divertimento noturno era nesses lugares, onde se dançava o maxixe, cantava-se, bebia-se e também onde se conhecia as lindas mulheres. Ao hospedar-se, Ida encontrou Zoraida, aquela que a ensinou fazer mímicas, dançar, saltar e adestrar. E junto com Zoraida um coronel.
A vida noturna da pequena São Paulo, começa a ficar cada vez mais movimentada, tendo como centro dos divertimentos a Rua São João (que deu origem à Avenida São João). Pommery cresce junto com a modernidade e conquista vários admiradores e é justamente em um canto da Rua São João que ela monta sua “casa dos prazeres”, o Paradis Retrouvé. Durante a noite saem as “coccotes” para dar o vote, todas com o destino previamente planejado pela Madame.
O sistema seguido pelos frequentadores era bem simples: “Paga tudo o que fizeres...” A prostituição estava aliada aos vícios por maiores lucros e ao tráfico de entorpecentes, que faziam a “elegância” da época. Em 1911, surge o Teatro Municipal e no seu interior o Bar do Vicente, um novo lugar dedicado à boemia. Agora não se bebe mais cerveja, mas sim champagne e os valores aumentam.
As novas construções chegam à Avenida Paulista e a “vida mundana” se transporta para lá. Madame Pommery, vai ao Carnaval do lugar, nesses tempos ainda chamado de corso, onde os desfiles eram feitos nos carrões conversíveis. Ela percebe que as mudanças são profundas, com os espaços maiores, a farsa e a realidade se misturam, e não se deixa abater; espalha pela cidade que o Paradis foi vendido e que o que ela queria era um bom casamento. No Bar do Municipal ela escolhe um candidato entre os vários pretendentes, um dos novos-ricos. Casa e faz uma longa viagem de núpcias em fase de regeneração.
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