Imigração na São Paulo do século 20 – o acervo da Light


 

Homens, mulheres e crianças reunidos no lado externo da Hospedaria dos Imigrantes, principal local de abrigo dos estrangeiros recém-chegados à Capital. Foto: Guilherme Gaensly. S.d. / Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo

 

IMIGRAÇÃO

Fundação Energia e Saneamento


A chegada da companhia de energia The São Paulo Tramway, Light & Power Co. Ltd à Capital, em 1900, ocorreu em um período de grandes mudanças demográficas. Entre as décadas de 1890 e 1920, milhares de imigrantes instalaram-se em São Paulo e tiveram um papel importante na industrialização e na transformação da cultura e das relações sociais na cidade. A expansão da economia cafeeira e a adoção de políticas de imigração a partir de 1910 – mesmo que atreladas à estratégia de engenharia social de branqueamento da população –, foram os principais fatores que impulsionaram a vinda dos cerca de três milhões e meio de estrangeiros ao Brasil no período.

 

Hotéis italianos no Largo do Brás. Na capital, além do Brás, os bairros do Bixiga e Mooca eram redutos da colônia italiana em São Paulo. 26/8/1900. Foto: Guilherme Gaensly. Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo

 

Apesar de grande parte da mão-de-obra imigrante ter como destino as lavouras de café, foram muitos os estrangeiros que ingressaram nas frentes de trabalho oferecidas pela indústria. Segundo o historiador Edgard Carone, em 1901, menos de 10% dos cerca de 50 mil operários do Estado de São Paulo eram brasileiros. O crescimento das oportunidades de emprego nas fábricas deveu-se , em especial, à expansão da eletricidade, força propulsora das máquinas, que ganharia fôlego, em São Paulo, com o estabelecimento da Light.

 

A fazenda Ibicaba, do senador Nicolau de Campos Vergueiro (1778 – 1859), foi a primeira a receber imigrantes (alemães, suíços e belgas) para trabalhar na lavoura do café. S.d. Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo

 

E dentro do quadro da companhia de energia, este fenômeno imigratório também era verificável: até os anos 1930, mais da metade dos trabalhadores da Light eram estrangeiros. As fichas e prontuários dos funcionários da empresa, que integram o acervo da Fundação Energia e Saneamento e encontram-se disponíveis para consulta em seu Núcleo de Documentação e Pesquisa (NDP), são uma rica fonte de informações sobre a imigração e o trabalho no Brasil, especialmente na primeira metade do século XX.

 

Apesar da imigração atrair, em maior parte, as populações da Europa Ocidental, a vinda de muitos povos do Leste Europeu também foi expressiva. Da esquerda para a direita: o malhador Rudolph Sparns e o eletricista Rudolpho Druske, ambos da Letônia; o mensageiro Antonio Ihas, da Yogoslávia; o torneiro mecânico Nicolau Hein, da Romênia; e o lavador de autos Americo Coricsoner, da Hungria. Todos ingressaram na Light entre 1935 e 1937. Fotos: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo

 

Recentemente*, a equipe do NDP finalizou a higienização, catalogação e acondicionamento de cerca de 18 mil documentos, do período de 1909 a 1970, de trabalhadores do setor de Oficinas e Material Rodante da Light. Responsável pela manutenção dos bondes elétricos, a seção localizava-se no bairro do Cambuci, no centro de São Paulo.

 

A Light também possuía, em seu quadro, funcionários de países menos visados pela política de imigração. Da esquerda para a direita, o argentino Armando Zuccarelli;
o norte-americano Thorolf Heltberg Relling; o austríaco Wolfgang Niederseer e o luxemburguês José Lenktaitis, contratados entre 1936 e 1937. Fotos: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo

 

O ajudante de pátio Gines Garcia foi contratado pela Light em 1937. Os espanhóis que vieram depois da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) encontraram nas cidades e nas indústrias mais oportunidades. Foto: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo

 

 

O conservador Giovanni Apa ingressou na companhia de energia em 1934. Os italianos formaram a maior colônia de imigrantes do Brasil. Fotos: Acervo Fundação Energia e Saneamento de São Paulo

 

De 1909 até 1930, os documentos dos funcionários consistem em fichas simples, sem foto. De 1930 a 1970, há uma diversidade maior, com prontuários que contêm atestados médicos, pedidos de indenização e aposentadoria, entre outros. Além desse material, o acervo da Fundação Energia e Saneamento oferece possibilidades de pesquisa para o estudo da imigração e do trabalho em São Paulo por meio dos Relatórios de Departamento Pessoal e de arquivo iconográfico. Interessados em conhecer o material podem entrar em contato pelo e-mail pesquisa@energiaesaneamento.org.br.


*Matéria divulgada em 30 de março de 2015

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