São Paulo: História do passado e futuro no presente
Fundação Energia e Saneamento de São Paulo
Rios sempre foram um ponto de referência para o estabelecimento de povoamentos desde as primeiras civilizações. E em São Paulo, essa prática não foi diferente: a cidade surgiu e expandiu-se ao redor e, muitas vezes, sobre os seus rios.
Para contar a história da Capital, é preciso conhecer como se deu a relação da cidade com o ribeirão Anhangabaú e os rios Tamanduateí e Tietê, por exemplo. Outro importante rio paulistano, o Pinheiros tem ganhado destaque na mídia com as obras do artista plástico Eduardo Srur, que objetivam tirar o curso da invisibilidade e conscientizar a população sobre a importância de sua recuperação. Mas nem só de intervenções artísticas viveu o Pinheiros: conheça, abaixo, um pouco da história do antigo “Jeribatiba”, que chegou a ter o curso de suas águas revertido para a geração de energia.
A Terra das Palmeiras Jerivás
Antes chamado de “Jeribatiba” ou “Jurubatuba” (em tupi-guarani, “lugar onde há muitas palmeiras jerivás”), o rio mudaria de nome com a criação, em sua margem direita, do aldeamento indígena Pinheiros, organizado pelos jesuítas quatro anos antes da fundação da vila de São Paulo de Piratininga (1560). Pioneiro, o agrupamento de índios localizava-se em uma região rica em árvores araucárias, chamadas popularmente de pinheiros-do-paraná. Rio de planície, o Pinheiros possuía grande sinuosidade e navegabilidade, sendo usado para o transporte de cargas. Ao longo dos séculos, em suas margens surgiriam sítios, fazendas, pontes e moinhos. Mas o seu entorno só abandonaria o caráter rural já no século 20, com a retificação.
Projeto da Serra
Em 1907, aconteceria a primeira grande obra na bacia do Rio Pinheiros: a construção da Represa Guarapiranga, com o objetivo de aumentar a vazão do Tietê e, por consequência, a capacidade de geração de energia da Usina de Parnaíba, responsável por abastecer a Capital com eletricidade. No entanto, a Light, empresa concessionária de energia à época, se veria às voltas com falhas na distribuição, em parte ocasionadas pelo aumento da demanda, com o crescimento da população, e do período de seca que seria registrado em São Paulo a partir de 1924.
Assim, em 1926 seria elaborado o Projeto da Serra, que previa a construção de uma barragem e usina hidrelétrica em Cubatão, ligadas de forma artificial ao Rio Tietê. E esta união só seria possível pelo “corredor” do Rio Pinheiros, que sofreria obras de canalização, retificação e recalque, alterando de forma permanente a sua paisagem natural. Executado entre 1937 e 1958, o empreendimento também incluiria a construção da Usina de Traição, capacitada para reverter o curso dos rios Tietê e Pinheiros e levar suas águas até o Reservatório Billings-Rio das Pedras, na encosta da Serra do Mar, para posterior geração de energia hidrelétrica na Usina de Cubatão, que em 1964 passaria a ser chamada de Usina Henry Borden.
Realizadas em torno de grande especulação imobiliária, as obras no Rio Pinheiros transformariam a região e trariam fôlego à expansão urbana da nascente metrópole. Sua retificação e canalização abriria espaço para a inauguração, na década de 1950, de um novo ramal da Estrada de Ferro Sorocabana; já em 1970, surgiriam as avenidas marginais. As intervenções do passado no Rio Pinheiros, hoje isolado e poluído, demonstram como a Capital precisa repensar sua relação com os rios, e trazê-los de volta ao cotidiano de seus moradores.
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